Um tão doce sabiá,

No galho da goiabeira,

Pulando de cá pra lá,

Canta para a vila inteira.

MEUS DELÍRIOS

Na vida , já sonho não tenho.

Hum... hum...

Ou será que tenho e não ei.

Nos olhos carrego sorrisos,

Na boca gargalho guizos

Do beijo doce que te dei

O que vejo, lá distante?

É uma aquarela encantada,

Uma vaca malhada

Ou... ou...

O aroma de amante?

EM ORAÇÃO

Ela se viu pequenina

Na esquina da amargura

A olhar outra menina

Mergulhada na fartura

Ergueu os olhos, em prece,

Oh, Papai, vê se Te compadece

Veja: sou uma criança pura,

Quero uma coisa somente minha

Que redefina meu eu

que me permite viver

e fugir deste breu.

SEM MEDO

Quero viver entre os meus

No alarido.

A história de um amor

E uma cabana

Não cabe nos meus sentidos.

Quero envelhecer amenizando conflitos,

Escutar gargalhadas e rogos dos aflitos.

Gosto da natureza, do ar, das árvores

E dos sabiás quero ouvir os gritos.

Não me ponham num recanto, imploro,

Nem em isolado sítio.

RECORDAÇÃO

Rompi a janela do tempo

Para uma volta ao passado

Buscando nele encontrar

Meu eterno namorado.

Vi seus olhos verde-mar,

O sorriso faceiro

E o doce caminhar

No mesmo passo ligeiro.

Seu beijo era a delícia

Que meu corpo encantava,

Pois era a pura malícia

Que minha boca beijava.

Já de volta ao presente

Lembrando o terno carinho

Posso viver contente

Pois tenho meu benzinho.

                        Imagem de Maria da Glória

CÍRCULO

Descansa a tarde

Para dar passagem ao que virá

O lusco-fusco

Talvez a luz da lua

E o vento Minuano

Para barulhar

Os pássaros, das revoadas

Ao ninho

Um cão sarnoso

Buscando abrigo

A idosa ao leito

Indo em gratidão

Até que o silêncio impere

E a manhã espere

O recomeçar.